sexta-feira, 31 de julho de 2009

um bom lugar - poético


Imagens de uma tarde.
Os barcos, o pirata, o rapaz tocando sax sobre a ponte, a árvore a beira mar, o velho canhão. elementos poéticos numa tarde nublada.
Poesia inusitada.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Um bom lugar - uma gentileza, ou duas ou mais


O primeiro livro, a Gisa deu para que fosse sorteado na flipinha, para alguém que declamasse uns versos de Manuel Bandeira. Que ímpeto a moveu? Não tínhamos programado nada antes, estávamos passando, paramos pra ver e quando o apresentador anunciou que tinha dois livros para dar a quem fosse lá e recitasse... ela Gisa olhou pra Jeje e para mim com olhinhos de idéia, e saiu, dizendo vou dar um livro meu ... E já estava com livro nas mãos, e já estava lá, na beira do palco, entregando o livro. A menina que ganhou o presente veio receber o autógrafo e deixou uma escritora feliz. O Segundo livro, foi uma troca de gentilezas entre ilustres desconhecidos. O escritor estava lá todos os dias, os pés sobre seu palco improvisado, sempre no mesmo lugar entre a ponte e a tenda dos autores, a pregoar seu filho "O martírio dos viventes". Passamos por ele várias vezes, a curiosidade sobre aquele personagem nos instigava, mas como suas palavras eram dirigidas a multidão... Um dia, vimos que ele nos olhou e a Gisa, soltou a frase: "Você aceita uma troca?" e ele com largo sorriso, disse que sim. Livros trocados, ambos devidamente assinados, bate-papo rápido, sinceros desejos de felicidades, e lá estavam sul e norte do país, numa troca de gentilezas, esperanças e estórias. O nome dele, Paulo Cavalcante.
Outro, ainda, foi entregue a Regina Casé. Quando vimos, ela já tinha passado por nós... a Gisa, olhou pra trás, virou rápido e disse, "me dá um livro". Saiu correndo, e quando a alcançou ela tinha acabado de atender ao telefone celular. Estendeu-lhe o livro com um sorriso. Ela, surpresa, e parecendo incrédula, disse baixinho: "é pra mim?" e agradeceu com um sorriso. Uma simpatia. A Gisa voltou radiante. “Minha mãe disse que era para eu entregar o livro a uma pessoa famosa!” Peninha, que isso eu nem tive tempo de fotografar!
Pre terminar... versos de Manuel Bandeira.
Arte de amar
Se queres sentir a felicidade de
amar, esquece a tua alma,
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação,
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo.
As almas são incomunicãveis.
Deixa teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

um bom lugar - uma espera


Em fim o dia da mesa redonda sobre poesia que a Gisa queria tanto assistir. A Jeje, acompanhando a irmã, também aproveitou. "Evocação de um poeta" com Angélica Freitas, Heitor Ferraz e Eucanaã Ferraz. Este últimos caiu nas graças da Gisa, foi o qual ela mais gostou.
ica aqui um registro da poesia que eu gostei ... a do fusquinha vermelho bala soft... De Angélica Freitas.
Um fusca
vermelho bala soft
morreu
naquele morrinho
alí ó
vermelho
cor de bala soft
como a cara
dos caras
que empurraram
e ó
pó pó pó
pegou
no longe o vi ainda
redondo e soltando fumaça
pra dentro da boca sem dentes
do túnel
Enquanto esperei sentada, desenhei. Enquanto esperei em pé, apreciei a exposição sobre Manoel Bandeira. As fotos eram muito bonitas. Lugares do passado, por onde andou o poeta, recolhendo as palavras soltas entre cortiços, nas esquinas, na linha do trem, no mar.

terça-feira, 28 de julho de 2009

m bom lugar - uma cozinha longe de casa


Na cozinha do Hostel, ou melhor, uma cozinha para os hóspedes usarem. Foi lá que a conhecemos. Ela estava a nossa espera, quando chegamos no fim do dia. Entusiasmada em conhecer uma escritora, mesmo que não fosse conhecida do público, foi simpática e muito divertida. Aquela senhora miúda, de fala mansa e alegre, chegou parabenizando a Gisa pela iniciativa de doar um livro seu para ser sorteado na Flipinha e a deixou tão encabulada quanto é possível para um anônimo que se vê de repente no centro das atenções... Ela comprou um livro da Gisa e nos convidou para jantar. Detalhe, o fogão, eu pilotei... a janta ficou por minha conta, um caldo de peixe muito gostoso, só fui seguindo as dicas dela enquanto conversávamos animadamente. Preparei até o chimarrão, (saudades do sul) que nós tomamos sozinhas, pois a Gisa e a Jejê, não curtem um amargo. Naquele papo bom soubemos que ela morava no Mato Grosso, mas já morou em Mafra, Rio Negro e fez cursos em Curitiba. Viajava sozinha, era pedagoga, e seu objetivo na Flip era acompanhar a Flipinha (evento destinado ao público infantil).
Porque será que os nossos caminhos da gente encontram com tantos outros caminhos, e ficam as lembranças e a incerteza do reencontro? Viajar é mágico. Paisagens e rostos que vêem e somem. O nome dela era Lurdes. Também conhecemos a Ana Paula de SP e o Paulo do interior paulista.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Um bom lugar - em detalhes


Andar muito devagar, pisar com cuidado na história. Sentir a energia diferente desses passos.
Foi difícil não fotografar cada momento. As correntes, as pedras, o cão na janela observando o movimento num silêncio inusitado. As velas derretidas no belo candelabro à janela e o detalhe de ferro da porta azul. Tudo pára no tempo. E é lindo parar prá ver o tempo parar.

sábado, 25 de julho de 2009

um bom lugar - uma tarde







Obra de Ana Raquel



Quando entrei no auditório do antigo cinema, fiquei impressionada. As poltronas grandes e confortáveis, nas paredes painéis feitos polos jovens da cidade e no palco, uma mulher e um homem de meia idade, falando com os jovens e os instigando a pensar, a refletir sobre o preconceito. Todos temos uma história pra contar sobre o assunto, ou uma piada de mau gosto, mesmo que seja engraçada. Fruto da banalidade dessa violência, o preconceito e intolerância nos deixam à margem da paz. Nas escolas, nas filas, em todo lugar estamos sempre propensos a julgar, a comparar. Mais fácil é não ver. Tornar invisível nossas próprias mazelas, pra não refletir nos espelhos das fachadas aquilo que nos incomoda tanto. Passar e não ver. O negro, o branco, o feio, o sujo, o lixo das nossas mesquinharias. Mais difícil é ver que por dentro, na essência somos feitos da mesma matéria, somos talhados para o mesmo fim. Ela (Ana Raquel, autora e ilustradora) lia o texto de seu livro, comentava sobre a ilustração, ele (que agora não recordo o nome), questionava, entrevistava a platéia, interagia com ela, nos fazia pensar.
E ao final, ele esticou um barbante, do palco até o fundo do auditório. Um barbante que circulava por cima de nossas cabeças. Era a nossa "internet". No barbante, ela pendurou folhas brancas (e-mail) e quando as folhas iam passando, podíamos tirar uma, escrever sobre o assunto, pendurá-las novamente no "varal" de barbante e assim nosso e-mail chegava até ele. E ele lia em voz alta.
Eu escrevi também ... "Me sinto feliz quando meu marido me chama de minha pretinha"...
Ás vezes me pego a pensar, e posso estar errada, ou ser mal interpretada, mas estamos aqui prá aprender algo... que aceitar a ofensa ou o elogio, depende de como recebemos isso, muitas vezes estamos propensos a interpretar errado, estamos querendo ser atingidos. É claro que existe a discriminação, a intolerância e o preconceito, não nego, se não existisse a idéia pré-concebida, não existiria a idéia. Mas as idéias estão aí prá circular e prá mudar, transformar e melhorar.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

um bom luga - uma praça para ler


Ler uma praça, ler na praça. Que bom seria se os livros ficassem pendurados nas árvores, mantas e almofadas em baixo delas, um convite sutil para um descanso e uma boa leitura. A criançada corria de árvore em árvore, escolhendo entre os frutos inusitados, um título ou um desenho, um texto, uma estória. De repente, algo chama a atenção, tira o livro da cordinha, senta na almofada e viaja tranquila nas linhas da fantasia, á sombra da velha árvore que já foi testemunha do tempo passado, da velha praça da cidade histórica. Essa cidade, com tanto pra contar deveria mesmo ter pé de livros, para guardar na memória os anos de seu legado. Aqui, o ar trás tanto poesia, como maresia, a ruas ensinam a andar devagar e olhar para o chão, pois ali há muito se pisa de leve, se pisa na história, se anda a passos de ontem. Onde tudo é lento e lindo, onde nos esquecemos que vida fora dali corre e escorre de nós como a água desse imenso mar que é a vida.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

um bom lugar - um show


E que show... na primeira fila, com direito a champanhe! Foi muito bom. A platéia já não aguentava a espera, discurso de um, de outro, abertura oficial, prefeito comendo os "s" do final das frases, mas tudo perdoável, inclusive a animação do baixista da banda que abriu o show dela. Foi engraçado até, pois ele tava tão elétrico que mesmo durante a apresentação da Adriana dava pra ver lá num cantinho, espiando tudo ele se sacudia sem parar, deveria estar se divertindo muito. E ela, impecável e surpreendendo sempre... Tocou instrumentos diversos, brincou com a platéia, arrancou sorrisos, risadas e porque não lágrimas. Até filmei a platéia cantando com ela uma música do Roberto Carlos. Fui dormir cansadinha, mas feliz, pra quem tinha vivido a emoção da viagem pela manhã, o show fechou com chave de ouro o dia primeiro de julho de 2009.

Na verdade queria estar bem pra escrever sobre esse episódio, mas estou um pouco mareada. Deve ser uma virose, sei lá... Só sei que passei uma noite horrível e levantei tarde, não me alimentei bem hoje e nem quero pensar em comida. Pelo menos agora...
Fica aqui o registro de um dia feliz, cantei muito, vibrei e adorei a apresentação dela... Dizer mais o que? .

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Um bom lugar - um encontro


A fila na lotérica estava grande, era na hora do almoço e o calor estava de derreter idéias. Precisava tirar o dinheiro pra pagar o hotel, e ainda tinha que encontra um lugar decente e barato pra almoçar. Enquanto fiquei na fila, a Gisa e a Jeje foram dar uma olhadinha nos arredores pra procurar uma lanchonete ou uma panificadora, restaurante estava fora de cogitação. E na fila, dentro da lotérica, uma senhora fazia seu discurso indignado contra o sistema, ou seriam contra o prefeito, vereadores, empresa de luz, água ou telefone? Só sei que ela reclamava sem parar e não saía da fila, e a fila andava e ela ficava lá, tagarelando sem dar fôlego. Pensei que ela poderia estar esperando alguém, mas a fila ia e ela ficava. Pensei que ela poderia ser dona a lotérica? Não, acho que isso não era. Poderia ser simplesmente uma andarilha que entrou ali por simples necessidade de falar com alguém ou com todo mundo. Mas, o tempo foi passando e ela finalmente foi até o caixa, pagou a conta, e confidenciou pra todos ali, que a companhia de luz havia reduzido a quantidade de folhas impressas da fatura depois que ela reclamou que eles estavam gastando muitas folhas de papel na cobrança. Poderosa ela... Pensei comigo, destilando um veneninho básico. Mais alguns minutos e ela disse o que mais me impressionou... Que "deram a ela o título de Comendadora, achando que assim ela se calaria, mas que isso não era o suficiente para fazê-la calar". Fiquei olhando aquela mulher, idosa e tagarela por uns minutos e pensando na vida que ela pode ter vivido. Estranho. E a Comendadora saiu arrastando as chinelas e resmungando. No caixa destinado aos idosos, chegou um senhor, cabelos brancos, bigode branco, boné de avô, cinza, xadrez, discreto. Olhou pra mim, piscou e sorriu um sorrisinho de Monalisa. Seria um barão? Paraty nos leva ao passado.

terça-feira, 21 de julho de 2009

um bom lugar - um sonho




Primeiro

O avião.

Parece coisa de criança. Uma criança de 38 anos. Pra muita gente é coisa corriqueira, pra outros é uma vontade negada... É como querer e não saber como admitir. Tem gente que diz que nunca andará de avião. Eu, ao contrário sempre quis. E sabia que um dia iria voar, não tinha pressa, não tinha urgência, não tinha medo que esse dia nunca chegasse, pois alimentei dentro do peito a certeza desse dia. Coisa tola, coisa de criança, como se isso fosse algo além do imaginado. E achei tudo tão frágil, como a vida da gente. Achei o avião pequeno pra minhas expectativas, mas acho que isso era porque pra mim parecia ser um sonho meio longe ainda... E quando vi estava lá, sentadinha na minha poltrona que esteve sempre lá a minha espera, pra me levar. A novidade, era a sensação da decolagem, sentir a cabeça bem leve e o corpo tenso. Sentir o chão faltar e o céu infinito sobre a cabeça e de repente, a terra lá embaixo cada vez mais longe e mais bela. Montanhas, rios, lagos e cidades. Vida, movimento, gente. Andar entre nuvens. Em dias de nuvens brancas, olhamos pra cima para flagrar um céu azul entre uma nuvem e outra. Naquele dia, olhei para baixo para flagrar uma montanha, ou o mar entre uma nuvem e outra. Lindo. De Curitiba ao Rio de Janeiro, foram 45 minutos de contemplação. Olhei tudo o que meus olhos puderam alcançar, até o horizonte levemente arredondado, respirei fundo quando o capitão informou a altitude e a temperatura externa, e nem dei muita atenção á área de instabilidade que atravessamos, ela não conseguiu me assustar, e até achei que se não tivesse uma turbulenciazinha não teria graça, não seria completa. Afinal, tudo tem seu encanto.
E em fim, no Tom Jobim .... Rio de Janeiro Rio de Janeiro, Rio de Janeiro Rio de Janeiro, aterrar...