sexta-feira, 28 de agosto de 2009

é ela


É ela, a menina, mulher sei lá, essa criatura que canta, dança, representa, faz mil artes e cria as crias e recria a vida assim do nada, muda tudo, tudo muda como vento que balançou as folhas lá fora. É ela, que alegra os dias em sua companhia, que entristesse os olhos do pai e o faz perceber que a menina é menina ainda e toma as rédes da vida e a leva pra longe e vai e volta, e sai e chega antes de todos e de tudo. É ela, que agora gera, que é linda e doce mesmo sendo amarga com os que a cercam e mesmo assim o acre doce dos seus sentimentos nos deixam sem palavras, apenas os clichês nos restam pra alguém tão incomum. É ela, especial, linda, minha sobrinha, minha amiga. É você. Tão intensa, tão cheia de vida, tão cheia de luz, que nem consegue ficar na sombra, que nem tenta, que nem quer. Cabecinha de borboleta. É tua melhor definição.

te amo

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

uma vontade

obra de Escher
A minha vontade é ainda tímida, e pensei ser só minha. A minha vontade é habitante do mundo das idéias. É apenas uma vontade. Mas talvez se avulte. A minha vontade já engatinhou nos movimentos das diretas mesmos sem saber que em nada daria. A minha vontade passeou com os caras pintadas na época da faculdade, mas de cara limpa e meio desconfiada de que não ia dar em nada. E não deu, afinal de contas, o presidente deposto está lá novamente no plenário falando asneiras, com o mesmo olhar de louco de antes. A minha vontade pereceu morrer. Enterrei a minha vontade durante anos em baixo de votos em branco e nulos com a esperança de que essa atitude suscitasse meu íntimo desejo de mudança. Deu em nada. Agora reflito, onde foi parar a minha vontade por um país melhor e justo? Queria poder ver notícias boas vindas de Brasília. Menos impostos, mais educação, menos paternalismo, mais fiscalização... menos cpis, ou melhor menos necessidades de cpis, mais honestidade e transparência. Tenho sempre a nítida sensação de que eles fazem tudo às claras mesmo, pois acham que o povo é idiota. E infelizmente acabo por concordar... Basta ver quem ainda está lá.... Siglas gastas, repetidas, nomes mofados, lugares quentes nas cadeiras do congresso, cadeiras cativas, cuecas recheadas de dólares, contas e funcionários fantasmas, recados dúbios a ouvidos moucos... Vivemos num país nonsense como uma gravura de Escher , com crianças nos lixões, acusações abafadas nos microfones do congresso, futebol e carnaval, o ópio do povo. E a minha vontade, será que encontro até a próxima eleição ou nem me dou ao trabalho de procurá-la?

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Um beijo e um queijo

Acordei com calma. Sem barulho do relógio e sem que ele levantasse antes de mim. Geralmente não é assim que acontece. Ele acorda, levanta e se arruma. Escuto ele andando pelo quarto, o barulho do desodorante, a luz o banheiro que acende, a água na torneira, essas coisinha do cotidiano. Depois ele se arruma, e antes de descer me chama com carinho. Então acordo, enquanto arrumo a cama e me visto, escuto os barulhos da cozinha acordando a casa. Xícaras, talheres, mesa sendo posta. Neste domingo quem acordou antes foi o sol. Bateu na janela com suas mãos luminosas e me tirou do sono. Abri os olhos, ele estava dormindo. Levantei com cuidado para não acordá-lo, o que é realmente difícil. Ele tem o sono muito leve. Peguei os pacotes de presente e coloquei um ao lado da Bea, que também dormia e outro ao lado do Théo, que dormia como um anjinho. Desci, pra fazer o café. O cheirinho do café invadia o ambiente, mesa posta, só restava esperar. Escutei a Bea fazendo uma festinha com o pai, barulho de pacote sendo aberto, risadas e surpresas. Eles desceram as escadas de pijamas e felizes. Detalhe, o pai de pijama e avental de churrasqueiro, munido de espeto, garfo e pegador de carne, tudo novinho em folha. Estávamos tomando o café juntos, quando o Théo apareceu também, numa das mão um pacote vazio, na outra uma luva cinza dessas de pegar coisas quentes e nos pés um par de chinelos de pano, muito maiores que seu pezinho... "não serviu o meu presente"... nós, entre surpresas e graças pela conclusão dele ao ver o pacote em sua cama, rimos muito. O pai, amoroso pegou o pequeno no colo, fez festa e explicou que era dia dos pais e os presentes eram pra ele. Então um sorrisinho apareceu no rosto do nosso menino... "eu pensi que era meu! Feliz dia teu papai!"

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

um bom lugar - depois de dez anos


A estrada de chão continuava ali. As curvas, as serras, o perigo e a aventura. Mas havia uma diferença. Duas crianças dormindo no banco de trás. Fizemos esse caminho há quase dez anos. Decidimos que seria mais emocionante descer até Nova Veneza por um caminho diferente. Conhecíamos o caminho pela BR101 e pela BR116, mas as duas BRs são movimentadas e naquele tempo a 101 estava quase toda tomada pelo pessoal que trabalhava na sua duplicação, o que deixava o trânsito lento e ainda mais perigoso por conta dos desvios. Então, com um velho mapa em mãos, descobrimos um caminho que ligava as cidadezinhas do interior, entre as duas BRs.
Sem dúvida, o caminho foi mais longo e cheio de paisagens lindas. Eu estava no quinto mês de gestação da Bea, um pouco enjoada, mas nada tirava a minha animação. Adoro viajar e ir fotografando tudo que vejo. Uma árvore, uma curva, um rio lá longe, uma cidadezinha ao entardecer. As fotos vão se acumulando em cds, ou em álbuns que guardo com carinho e que a cada tempo olhamos com saudades. E assim foi a primeira vez que passamos por essa aventura. Mas agora, a serra de estrada de chão estava caprichosamente perigosa. Curvas estreitas, trechos desbarrancados, pontes precárias e cansaço. Não conseguimos curtir a aventura com tranqüilidade. E agora já não temos certeza se um dia voltaremos a fazer esse caminho. Mas foi lindo mesmo assim. E fica a lição. O rio não é o mesmo rio. Acho que o caminho também nunca será o mesmo, mesmo que leve ao mesmo lugar... A cada passagem e a cada olhar, uma nova paisagem e um novo caminho se faz. Mesmo que voltemos a fazer essa viagem, ela já será outra.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

um bom lugar - um jardim no céu


A imagem me surpreendeu logo de cara. Tirei várias fotos já imaginando que palavras usaria no texto sobre ela. De tanto imaginar, esgotaram -se as letras sobrando somente a imagem da foto. Flores nos telhados. Telhas moldadas nas pernas das esravas. Quanta dor elas devem ter passado, quanta humilhação, quanto sofrimento. Hoje, estas telhas cobrem o casario, cobrem as histórias e também enfeitam com flores o céu e os olhos atentos e sossegados que param para olhar pra cima. Param literalmente, pois andando não dá para tirar os olhos do chão.
Telhados de Paraty. Para mim, jardim.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

uma boa conversa


Marcelo Tas
Quando ele chegou a fila estava se formando em frente ao cinema.
Chegou sorrindo, com o celular na mão e tirando fotos do pessoal na fila.
Falou, falou e disse.
Disse muita coisa pra quem estava ali para ouvir. Dei muitas risadas e no fim mandei uma ilustração pra ele... Peninha que não fotografei antes de entregar, ficou bem bonitinha...
Ele deve ter colocado as fotos que fez no Twitter... mas eu ainda não entrei nessa onda... então paciência...
Eu aqui no meu cantinho, escrevendo até esqueço, ou nem penso no tamanho dessa rede onde calmamente jogo minhas palavras, leio outras pessoas... o mundo da informação é infinito? Ou está em formação? Qual o tamanho que esse bicho de muitas cabeças pode alcançar?