sábado, 25 de julho de 2009

um bom lugar - uma tarde







Obra de Ana Raquel



Quando entrei no auditório do antigo cinema, fiquei impressionada. As poltronas grandes e confortáveis, nas paredes painéis feitos polos jovens da cidade e no palco, uma mulher e um homem de meia idade, falando com os jovens e os instigando a pensar, a refletir sobre o preconceito. Todos temos uma história pra contar sobre o assunto, ou uma piada de mau gosto, mesmo que seja engraçada. Fruto da banalidade dessa violência, o preconceito e intolerância nos deixam à margem da paz. Nas escolas, nas filas, em todo lugar estamos sempre propensos a julgar, a comparar. Mais fácil é não ver. Tornar invisível nossas próprias mazelas, pra não refletir nos espelhos das fachadas aquilo que nos incomoda tanto. Passar e não ver. O negro, o branco, o feio, o sujo, o lixo das nossas mesquinharias. Mais difícil é ver que por dentro, na essência somos feitos da mesma matéria, somos talhados para o mesmo fim. Ela (Ana Raquel, autora e ilustradora) lia o texto de seu livro, comentava sobre a ilustração, ele (que agora não recordo o nome), questionava, entrevistava a platéia, interagia com ela, nos fazia pensar.
E ao final, ele esticou um barbante, do palco até o fundo do auditório. Um barbante que circulava por cima de nossas cabeças. Era a nossa "internet". No barbante, ela pendurou folhas brancas (e-mail) e quando as folhas iam passando, podíamos tirar uma, escrever sobre o assunto, pendurá-las novamente no "varal" de barbante e assim nosso e-mail chegava até ele. E ele lia em voz alta.
Eu escrevi também ... "Me sinto feliz quando meu marido me chama de minha pretinha"...
Ás vezes me pego a pensar, e posso estar errada, ou ser mal interpretada, mas estamos aqui prá aprender algo... que aceitar a ofensa ou o elogio, depende de como recebemos isso, muitas vezes estamos propensos a interpretar errado, estamos querendo ser atingidos. É claro que existe a discriminação, a intolerância e o preconceito, não nego, se não existisse a idéia pré-concebida, não existiria a idéia. Mas as idéias estão aí prá circular e prá mudar, transformar e melhorar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário