terça-feira, 20 de janeiro de 2009

um bom lugar - sem horizontes


Este lugar é longe, mas há doze anos que sinto a pressão deste céu e montanhas. Espaço amplo, que termina na muralha verde azulada da serra lá em frente e ao lado e em volta de tudo isso.

Nunca muda. A estrada estreita e esburacada, as velhas pontes que a enchurrada leva, as curvas, as casas, as gentes curtidas de sol e trabalho. As estufas de fumo que por obra divina parecem ser as únicas que mudam, a maioria está em ruínas, mas as plantações de fumo cada vez mais escassas dão lugar as provargens (não sei se é assim que se escreve) de arroz. Coisa linda de se ver, um tapete verde e suave que cobre grandes pedaços de terra, reflexo da prosperidade da região exemplo de cultivo para o Brasil, mas nos bastidores de tanta beleza a mancha que deixa é quase tão prejudicial quanto ao legado do fumo. Apesar da produção matar a fome, na surdina, ela mata a vida também. Ao poucos mas a passos largos mata o rio. Coitado, traz no nome seu carma, seu destino. Parece que nasceu pra morrer assim envenenado, seco, transformado em veia de pedra, sem vida, que jáz num lugar lindo mas que também para ele, é sem horizontes - o Rio Morto.

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