domingo, 31 de janeiro de 2010

Um passeio ou um uma missão...

Eu, uma das irmãs que não lembro o nome, Irmã irineuda (sentada) e Irmã Elvira, minha tia avó, abraçada pelo Théo e Bea..

Neste sábado, acordamos as 5 da manhã para fazer um longo passeio. Fomos a Jundiaí em uma missão quase impossível: Buscar uma tia avó que vive em uma casa de irmãs idosas da congregação de São Carlos Borromeu. Ela está um tanto adoentada e há 4 anos não viaja mais.
A conheci quando tinha 9 anos, pois ela é tia do meu Pai Valério, segundo marido da minha mãe. Era aquela visita esperada a cada fim de ano, para a qual eu cedia meu quarto e passava a dormir na sala. Ela é a pessoa que eu mais admirava, pela força e determinação em visitar os sobrinhos e irmãos no sul do país sempre ajudando a todos e trazendo um presente por mais simples que fosse... (guardo até hoje um sabonetinho decorado no meio das minha toalhas de banho). Essa tia dava aulas de geografia no colégio das irmãs em Guarapuava, depois em São Paulo. Conheceu quase todo o Brasil, passou por problemas de saúde sérios, por cirurgias e tratamentos longos de quimio e radioterapias, passou e se recupero, mas o tempo levou sua saúde já frágil e sua vivacidade. Agora, fui até ela, com meu marido e meus filhos. Sei que foi pouco para retribuir a todos os anos que ela nos visitou, mas percebi que esta visita surpresa não foi somente uma visita... Lá conheci uma realidade diferente... A casa é administrada por uma Madre Superiora amável e trabalhadora que cuida com esmero de umas quinze velhinhas, algumas com saúde, mas sem condições de trabalhar, outras com problemas mais sérios e que necessitam de cuidados diários e permanentes, num lugar muito bonito, silencioso e asseado, onde se respira paz e tranquilidade. Um pomar com árvores frutíferas, onde conheci um pé de jaca carregado, carambolas, mexericas e caquis, uma horta bem cuidada, uma linda capela. Mas vocês podem imaginar oque foi levar duas crianças para um lugar desses? O Théo se esbaldou correndo nos largos corredores brincando com todas a velhinhas as quais ele chamava de "meninas". A Bea com seu jeitinho meigo dava atenção e carinho para as mais tranquilas, falando sobre a escola onde estuda (e que faz parte da mesma congregação)... Eu e o Edno coversamos com a tia, tentando dissuadí-la a viajar conosco... tentativas em vão, pois ela estava irredutível... missão não cumprida satisfatoriamente, mas que com certeza não significou uma tentativa perdida, porque nunca imaginei que essa atitude teria um resultado assim. Conhecê-las me fez sentir que há pequenas ações recompensadoras na vida. Um abraço, um sorriso, uma palavra de atenção e carinho, uma prece, um aperto de mão. E alguém que eu nem sabia que estava lá, agora faz parte das minhas lembranças mais ternas, e aquela que eu fui buscar, aquela que eu queria tanto ver, não é a única que eu queria abraçar... quantas existem assim... que passaram a vida rodeadas de crianças, ensinando, educando, cativando e agora têm umas as outras apenas, é claro que com todo o amparo, nada lhes falta... a não ser... sorrisos de crianças.

pérolas do Théo:

No caminho:
- eu não vou almoçar no convento!... vai esfriar a comida!
- Mamãe posso ir lá conversar com as meninas?
- Estamos brincando de avião... (ele correndo com os braços abertos pelos corredores e uma irmã de 84 anos atrás dele com os braços abertos, rindo, mas sem correr...)
- Nossa!! vimos uma jaca bem barrigudona!!! (e a irmã Irineuda rindo feito criança, depois de levá-lo ao pomar).
- dá pra pescar o peixe e a jaca? (se referindo aos peixes do chafariz... e é claro, ao pé de jaca...)

2 comentários:

  1. Tem momentos na vida em que pensamos estar dando a alguém um presente, mas depois descobrimos ter ganho mais que isso um tesouro!!!

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  2. é verdade Deisi... nós ganhamos um tesouro mesmo...
    beijinho
    Jo
    aparece mais vezes! adorei tua visita.

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